Postado originalmente em 13 de junho de 2020.
Vejo a curva que não para de subir. Mais de 40 mil mortos, bem mais. Quantos não foram registrados? Mais de 800 mil infectados, bem mais. Nenhum indício de que a situação vai melhorar em breve e eu tenho medo de pensar por mais quanto tempo isso vai se estender. Eu e meia dúzia de gatos pingados com medo de colocar o pé para fora. Será que sou só eu que levo isso ao pé da letra? Sem sair de casa há semanas, saindo somente para o imprescindível, a saúde mental como fica? Não saio para caminhar, para visitar meus lugares favoritos, não vejo meus amigos nem me arrumo para tirar fotos na frente do espelho antes de um jantar. Quanto tempo mais eu vou ficar sem a minha vida? Vida esta que não existe mais, pois querendo ou não, o mundo como conhecíamos acabou.
No início eu acreditava que sairíamos desta situação melhores, mais empáticos e solidários, mas hoje, infelizmente já não consigo acreditar. Não vendo o caos que se instalou no nosso país, que antes da pandemia já era caótico. Começando pela má liderança e gestão feita pelos governantes, que tomam decisões irresponsáveis, sem nenhum motivo cabível, seguidos pela população desconscientizada que acha que não vai acontecer consigo, que tomam as medidas de segurança como um teatrinho, pois não são tão cautelosos quanto deveriam e no fim acaba não adiantando o esforço meia-boca.
É, a curva não para de subir. Mas tem fila para entrar em shopping. Mas tem parque lotado e barzinho aberto. Mesmo que eu quisesse ser irresponsável e matar a saudade de atividades que antes tornavam o dia a dia mais feliz, não conseguiria por medo. Me pergunto como tanta gente consegue viver sem medo, e me pergunto por quanto tempo eu e mais meia dúzia de gatos pingados vamos viver com medo, com crises de ansiedade e com saudades da vida por causa do egoísmo de grande parte dos indivíduos, mas mais do que isso, me pergunto como ficam as pessoas em situação de vulnerabilidade sem nenhum amparo. Pessoas que vendem o almoço para poder jantar, que se não colocarem o pé para fora para ir trabalhar, não tem o leite para levar para os filhos a noite, pessoas que encaram o transporte público lotado por falta de opção e que muitas vezes não tem acesso aos meios de prevenção. Tanta gente nem água potável tem. E a população indígena, que luta para proteger sua cultura e suas terras, que é atacada sem parar e resiste bravamente mas agora sofre novamente por causa de doenças trazidas pelo homem branco. Talvez seja isso que o cara no poder queira. Disse anos atrás que deviam ter morrido 30 mil, agora atingiu o objetivo e vai além. Até quando?
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